Pois é seu motorista, como o mundo tem mudado não é? Antigamente o passageiro entrava pela porta traseira e descia pela porta dianteira. Com a roleta do trocador lá no final do veículo,
alguns pobres coitados, com a anuência do trocador passavam por baixo da roleta. Isso ocorria pelas costas dos passageiros. Agora com a entrada pela porta dianteira e a roleta à vista dos passageiros, nunca mais vi um miserável passar por baixo da roleta. Até porque a roleta possui um ferro que só deixa um palmo de espaço livre perto do chão. Por pouco a máfia não colocou um ferro pontiagudo para lanhar quem tentasse passar por baixo da roleta. Além disso tem filmadoras. Um colega seu me disse que o mafioso quando vê nos filmes que o motorista deu carona a algum necessitado, desconta do salário e ainda diz com sarcasmo que é uma "contribuição social". Isso tudo fez com que uma parcela da população passasse a percorrer longos percursos a pé. Esse sistema BRT fez com que um ponto de ônibus fique aqui e o próximo lá em caixa prego.
A proximidade do trocador com o motorista permite que quando são amigos sigam viagem batendo papo ao longo do trajeto, deixando a velha placa: "Fale ao motorista somente o indispensável" em má situação.
O fato de os passageiros descerem pela porta traseira fez aumentar o número de quedas de pessoas, especialmente os idosos. Não é comum um idoso ter que fazer um pequeno escândalo na ora de descer para evitar que o motorista puxe o carro e ele caia no asfalto. Outra mudança é fazer com que o motorista seja ao mesmo tempo o trabalhador que conduz o veículo e o que recebe o dinheiro da passagem. O motorista como trocador. É compreensível que a máfia queira demitir os cobradores e queiram ficar apenas com os motoristas, causando desemprego. Mas é contraproducente e arriscado que motoristas tenham que passar troco, além de causar engarrafamento. Outro fator de engarrafamento é a proximidade da roleta da porta de entrada cercada como um curral onde não há cadeiras nem para idosos. Ônibus dotados de motorista/trocador deviam receber por passageiros apenas os usuários de cartões magnéticos. Motorista recebendo dinheiro e dando troco com o ônibus em movimento é um absurdo e um risco de vida. Por falar em idoso, a máfia carioca impõe que a maioridade começa aos 65 anos quando o Estatuto do Idoso fala em 60 anos. Em cidades como Recife e São Paulo a gratuidade vale a partir dos sessenta. Parece que uma lei já foi aprovada para corrigir essa anomalia, mas está engavetada aguardando a sanção do governador ou prefeito.
Outra mudança é o uso de micro-ônibus em linhas que deveriam ser servidas por ônibus. Resultado: pequenos ônibus cheios como latas de sardinhas. Outra mudança que revela o poder da máfia é a proibição de vans. Os passageiros são obrigados a esperar, às vezes, meia hora ou 40 minutos por um ônibus porque as vans foram proibidas pela máfia. Só mesmo a promiscuidade entre a máfia empresarial e os políticos explica isso. Que capitalismo é esse em que donos de empresas de ônibus conseguem a proibição de vans, quando os ônibus não dão conta do recado?
A população aceitou a proibição das vans por conta dos casos de estupro ocorridos no interior de vans. A máfia foi beneficiada por um sinistro.
O preço das passagens de ônibus no Rio de Janeiro já havia sido aumento de R$2,75 para R$ 3,00. O movimento reivindicando a anulação do aumento foi desencadeado, mas o cadáver do cinegrafista Santiago Andrade pôs um freio no movimento e o aumento prevaleceu. Nessa mesma época uma passagem de ônibus em Recife custava R$ 2,15. E os ônibus de Recife ostentam os certificados 9001 e 14001 (ecológico).
Agora mesmo acaba de nascer um movimento para forçar a anulação do roubo de 40 centavos sobre um preço de passagem já abusivo. O movimento tende a ganhar força até anular o aumento. A não ser que algum estranho sinistro mais uma vez venha em socorro da máfia.
No Rio de Janeiro o maior mafioso é dono de uns 5000 ônibus. Não tendo para onde se expandir no estado por causa de seus colegas, trata de expandir seus negócios em outros estados. O maior dono de ônibus de São Paulo comprou uma empresa de aviação. Ou seja donos de empresas de ônibus estão acumulando fortunas em detrimento do direito de ir e vir da população. Nos dias de hoje o "direito de ir e vir" não se restringe ao direito de andar à pé. Qualquer cidadão para se locomover de casa para o trabalho, o lazer, a igreja, a escola, etc., depende de um transporte. De modo que o transporte público é o fator que assegura o direito de ir e vir do cidadão civilizado e deveria ser grátis ou custar uns ridículos centavos.
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domingo, 11 de janeiro de 2015
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