HOMENAGEM A LEANDRO KONDER (1936-2014)
Meus pêsames à família e ao Brasil que sofre uma grande perda especialmente a esquerda brasileira que perde um cérebro afiado. Tive o privilégio de ter conhecido Leandro Konder pessoalmente e de ter sido influenciado por ele. Ninguém nasce comunista, a pessoa "vira" comunista. No meu caso me tornei comunista em função de livros que li. Um deles foi o "Marx: vida e obra" de Leandro Konder um livrinho de capa amarela publicado por José Álvaro editor. E outro foi um compêndio de Georges Politzer atualizado por dois discípulos seus, "Princípios Fundamentais de Filosofia". Foi bom ter lido os dois ao mesmo tempo porque o livro de Politzer era muito didaticamente stalinista e Konder já tinha uma postura crítica. Não quero dizer que minha postura crítica deveu-se à leitura de Leandro. A primeira vez que meu cérebro entrou em contado com a ideia da classe dos trabalhadores como classe dominante no governo da sociedade. Minha primeira reação foi "Não está vendo que um troço desses não pode dar certo"...Depois me acostumei com a ideia e hoje tenho certeza que o que não dá certo mesmo são os capitalistas no poder.
Mas voltando ao Leandro Konder. Fui camarada dele da mesma base do PCB. E uma impressão que me ficou foi que Leandro, um homem doce, afável, delicado, quando estava na posição de orador sabia falar com raiva (não lembro do conteúdo, mas aposto que era ele falando da direção do partido). Konder era "eurocomunista", seguidor de Gramsci e a direção do partido era "oportunista" ia para onde a União Soviética fosse.
Konder tinha um senso de humor muito interessante. Ele gostava de contar que quando menino ia atravessar a rua fora do sinal, de mãos dadas com seu pai, Valério Konder, o sinal abria e os carros começavam a avançar na direção deles, ele contava que seu pai dizia: "Corre que eles já nos viram". No curso que ele dava na UFF seu método de avaliação era pedir um único trabalho no final do curso. Às vezes tinha aluno que entregava apenas uma folha de papel de caderno escrita à mão. Uma vez ele pegou um desses "trabalhos", segurou com dois dedos, mostrou para a turma e comentou: "Deve ser provocação, não é não?".
Provocação fiz eu. No final do curso sobre dialética que Leandro frisou que falaria apenas de dialética na história e não na natureza. Meu trabalho foi exatamente sobre dialética na natureza. Foi um risco que corri, mas ganhei nota dez. Tive um professor de direito que dizia: "Se eu der aula sobre divórcio e o aluno na prova discorrer sobre casamento, vai levar zero!".
Certa vez Leandro deu um curso sobre liberalismo e cada aula era dedicada a um pensador. E um dia era Locke, outro Montesquieu, outro Rousseau e por aí vai. Na última aula Leandro começou a relacionar no quadro verde os filósofos dos quais falara. Depois que ele concluiu a lista. Comentei: Leandro está faltando alguém. Ele pensou, pensou e nada. E eu: O Marquêêêêêês! Ele ficou tão contrariado com o ato falho que apagou todo o quadro verde e escreveu em letras garrafais: SADE. O Marquês de Sade fora um dos filósofos liberais por ele focalizados no curso.
Mas voltando ao Leandro Konder. Fui camarada dele da mesma base do PCB. E uma impressão que me ficou foi que Leandro, um homem doce, afável, delicado, quando estava na posição de orador sabia falar com raiva (não lembro do conteúdo, mas aposto que era ele falando da direção do partido). Konder era "eurocomunista", seguidor de Gramsci e a direção do partido era "oportunista" ia para onde a União Soviética fosse.
Konder tinha um senso de humor muito interessante. Ele gostava de contar que quando menino ia atravessar a rua fora do sinal, de mãos dadas com seu pai, Valério Konder, o sinal abria e os carros começavam a avançar na direção deles, ele contava que seu pai dizia: "Corre que eles já nos viram". No curso que ele dava na UFF seu método de avaliação era pedir um único trabalho no final do curso. Às vezes tinha aluno que entregava apenas uma folha de papel de caderno escrita à mão. Uma vez ele pegou um desses "trabalhos", segurou com dois dedos, mostrou para a turma e comentou: "Deve ser provocação, não é não?".
Provocação fiz eu. No final do curso sobre dialética que Leandro frisou que falaria apenas de dialética na história e não na natureza. Meu trabalho foi exatamente sobre dialética na natureza. Foi um risco que corri, mas ganhei nota dez. Tive um professor de direito que dizia: "Se eu der aula sobre divórcio e o aluno na prova discorrer sobre casamento, vai levar zero!".
Certa vez Leandro deu um curso sobre liberalismo e cada aula era dedicada a um pensador. E um dia era Locke, outro Montesquieu, outro Rousseau e por aí vai. Na última aula Leandro começou a relacionar no quadro verde os filósofos dos quais falara. Depois que ele concluiu a lista. Comentei: Leandro está faltando alguém. Ele pensou, pensou e nada. E eu: O Marquêêêêêês! Ele ficou tão contrariado com o ato falho que apagou todo o quadro verde e escreveu em letras garrafais: SADE. O Marquês de Sade fora um dos filósofos liberais por ele focalizados no curso.